sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Sol Negro: O Retorno das Sociedades Secretas do Vril - M. C. Pereda

Palavrinhas antes de iniciar a resenha :D



Antes de tudo, queria dizer que fiquei muito contente por receber o convite para a apreciação do livro. A sinopse me cativou de primeira e logo eu já sabia que devia esperar muito da estória que não termina com o fim do primeiro livro, já que este é apenas o primeiro de uma trilogia que promete.
Desejo muito sucesso a autora e fico honrada em participar um pouquinho de suas conquistas.


Um pouquinho de M. C. Pereda:



Maria Del Carmen Velásquez Pereda é formada em Química e Ph.D em Farmacologia pela UNICAMP. Empresária do ramo químico deixou uma carreira de sucesso no mundo científico, com prêmios nacionais e internacionais, para seguir o que acredita ser o seu destino, se preparando para ele por toda a sua vida: escrever sobre sua visão e experiência, aliando a ciência e a mente científica desenvolvidas aos estudos de sociedades secretas, correlacionando-as.
            Tendo trabalhado 25 anos na área de pesquisa e inovação de indústrias químicas, enquanto desenvolvia estudos de sociedades secretas, religiões e história do mundo, M. C. Pereda nos brinda com sua primeira obra publicada, lançada no dia 23 de Maio de 2013, O Sol Negro: O Retorno das Sociedades Secretas do Vril.
            Em meio a uma avalanche de livros estrangeiros (não que eu seja contra o espaço para os autores estrangeiros no mercado editorial brasileiro, só acho que nós leitores devíamos ler mais autores nacionais), M. C. Pereda traz às prateleiras brasileiras uma obra original, diferente de tudo que se produz no Brasil, com uma estória cheia de mistérios, aventura, romance e ação.
            Confiram a entrevista onde a autora nos conta um pouco sobre o enredo do livro: http://www.youtube.com/watch?v=uyyiADqO4rs


Enfim, a resenha:



O livro conta a história de Maya, uma cientista que trabalha na área de cosméticos de um laboratório farmacêutico e, nas horas vagas, dedica seu tempo ao estudo de sociedades secretas e ocultismo.
            Maya não sabe o real motivo de sentir essa necessidade de estudar tais temas, só sabe que precisa estudá-los e cada vez se sente mais curiosa a respeito. Sua paixão e curiosidade por esses temas é tão grande que Maya começa a passar o que estuda para suas colegas de trabalho.
            Certo dia, Maya conversa com suas amigas num restaurante e de repente surge um homem bem atraente a seu lado e, pedindo desculpas por haver escutado a conversa das amigas, se apresenta como David Bacon e diz que participa de um grupo que também se interessa por tais temas e convida Maya para visitar tal grupo.
            Maya fica um pouco na defensiva e David, percebendo isso, lhe entrega um cartão com seu número de telefone e o endereço onde aconteciam as reuniões, e sai deixando Maya e as amigas curiosas e eufóricas com o ocorrido.
            Maya guarda o cartão de David e continua sua vida normalmente, focada em uma descoberta feita por sua equipe no laboratório, de uma substância extraída de uma planta, encontrada tanto no Egito quanto no Brasil, que pode evitar queimaduras e inclusive tratar o câncer.
            Alguns meses depois Maya reencontra David durante um passeio num parque, e os dois conversam como se já fossem velhos amigos e daí surge uma ligação muito forte e bonita entre os dois.
            Depois desse passeio no parque, David convida Maya para um jantar em sua casa e, nesse jantar, mostra a Maya algumas réplicas de relíquias e artefatos históricos que ele tem em casa e, enquanto Maya está vendo essas réplicas, ela acaba descobrindo que David Bacon é bem mais misterioso do que ela havia imaginado, pois ele e o grupo ao qual faz parte estudam e tentam canalizar a energia Vril com a ajuda de um objeto chamado Gerador Vril.
            Mas afinal, e o que é essa energia Vril?
            A energia Vril, segundo o livro, é a energia que permeia o universo, sendo esta a fonte da vida.
            A partir de então, David conta a Maya a história da Sociedade Secreta do Vril, que surgiu pouco depois da Primeira Guerra Mundial e ganhou força com a Segunda Guerra Mundial, já que Hitler e outros membros importantes do Partido Nazista faziam parte dessa sociedade.
            David explica que a Sociedade Secreta do Vril tentava obter a energia Vril através de meditação, sacrifício humano e orgias sexuais, buscando o controle da energia para fins egoístas como o domínio do mundo.
            David também fala que essa sociedade não teve fim com o fim da Segunda Guerra Mundial, pois vários membros importantes fugiram, para diversos lugares do mundo, antes da queda do regime nazista, e que existe uma ramificação da Sociedade Secreta do Vril no Brasil.
            Maya acredita em David, pois já havia estudado a respeito, mas o que ela não sabe é que a Sociedade Secreta do Vril no Brasil funciona no subsolo do laboratório onde ela trabalha e que os principais membros são seus chefes.
            Ao descobrir isso Maya decide comparecer as reuniões da Sociedade Secreta Thule, a sociedade que David participa que é uma sociedade mais antiga que a do Vril, tendo a segunda surgido da primeira, deturpando as práticas e os fins da Sociedade Thule, já que a Sociedade Secreta Thule buscava manipular a energia Vril para o bem da humanidade.
            Daí a vida de Maya nunca mais será a mesma, pois ela e David passam a ser peças principais nessa luta do bem contra o mal, partindo numa caçada pelo mundo por cristais, chamados Os cristais de Enoque, que ativam a energia Vril em vários pontos do planeta, e eles precisam encontrar esses cristais antes que a Sociedade Secreta do Vril os encontre.

O que achei do livro:


Eu gostei bastante do livro. Achei que foi muito bem escrito, com uma narrativa fluida, mas com muita riqueza de detalhes e muitas informações interessantes que enriquecem a trama e ensinam muito ao leitor.

            Eu fiz muitas marcações no livro enquanto lia, porque a trama, apesar de ser ficção, é norteada por fatos históricos e também carregada de simbologia, que eu adoro. Fora o fato de a estória estar, segundo a autora, configurada em numerologia, deixando o livro mais rico a cada detalhe. Porém, independente se o leitor vai ou não perceber esses detalhes, a trama é boa e qualquer pessoa que pegar o livro pra ler vai entender a estória.
Se você gosta de livros com ação, aventura, mistério, suspense, romance, etc., vai encontrar tudo isso nesse livro de forma divertida e até poética.
            A trama ficou muito bem amarrada. Por ser o primeiro livro de uma trilogia, achei que o final ficou bom, resolvendo temporariamente o problema da estória, mas deixando pistas do que virá no próximo livro.
            Uma única ressalva que faço ao final do livro é que faltou uma pitadinha do romance avassalador e poético que nos encantou no decorrer do livro. No mais o livro está ótimo.

Da edição:


            O livro foi editado pela Editora Schoba e, a meu ver, a edição foi caprichada.
Contém 430 páginas, a diagramação é simples, mas em ótimo papel, fora a capa que é uma obra a parte, pois traz muito do que vamos encontrar na estória de forma discreta e de muito bom gosto.
Não encontrei erros graves, apenas pouquíssimos erros de digitação e só.

Palavras Finais:


Então, se você quer um bom livro, com ação, suspense, aventura, mistério e romance, eu indico o livro O Sol Negro: O Retorno das Sociedades Secretas do Vril sem medo. Não perde pra nenhum outro livro que trate de temas sobre sociedades secretas, ocultismo, teorias de conspiração, etc.
Enfim, a meu ver, o livro está muito bem escrito, muito bem fundamentado e muito gostoso de se ler. Tanto que estou super ansiosa pelos próximos livros da trilogia.

            

Meme - 7 Pecados da Leitura

Quem me indicou na brincadeira foi o Ícaro Muniz, do http://mundoporpaginas.blogspot.com.br/

  Pequenas regrinhas:
- Lincar o blog que te indicou.
- Responder às perguntas.
- Indicar quantos blogs quiser

  GANÂNCIA - Qual o seu livro mais caro? (e qual é o mais barato também?)

 Na verdade, não lembro ao certo qual o livro mais caro e mais barato porque nunca compro apenas um livro. :D, Mas comprei a coleção do Guia do mochileiro das galáxias por vinte reais numa promoção Submarino, tendo em vista que são 5 livros, cada um saiu por quatro reais, então acho que foram os mais baratos que comprei. Quanto ao mais caro, acho que foi o livro Rayuela (Jogo de amarelinha - em português) de Julio Cortazar. Por ser uma edição em espanhol, saiu bem carinho, cerca de quarenta a cinquenta reais.
 IRA - Com qual autor você tem uma de amor e ódio?

 Miguel de Unamuno. O cara é um gênio, mas nem sempre concordo com o que ele diz. Entendo o porquê de ele falar aquilo, mas não concordo às vezes. Mas continuo achando ele o máximo.

 GULA - Qual o livro que você devorou rapidinho e sempre relê?

 Não costumo reler livros porque sempre tenho algo novo para ler, mas devorei rapidinho todos os livros de Harry Potter e tenho muita vintade de lê-los outra vez.

 PREGUIÇA - Qual livro você começou a ler, mas sempre deixa como segunda opção?

 A arte de escrever - Schopenhauer. O cara é um gênio, mas sinto que ele está me esbofeteando enquanto leio esse livro, então sempre o deixo de lado.

  ORGULHO - Qual livro da sua estante mais se orgulha de ter/falar sobre?

 Indicar um livro só seria injustiça. Tenho orgulho de Rayuela (Cortázar), Ficciones (Borges), Estação das Chuvas (José Eduardo Agualusa) e de muitos outros.

  LUXÚRIA - Qual o maior gasto que já cometeu? (vale tanto o valor quanto em quantidade de livros) Quando foi isso?

 De valor não lembro, mas no final do ano passado, entre livros comprados e ganhados, somei 25 livros novos em menos de um mês. Saudade daquele tempo... kkkkkk

  INVEJA - Qual livro você sempre vê por ai, todo mundo tem e você deseja ardentemente?

 Não é algo que todo mundo tenha e que eu tenha inveja, mas morro de vontade de ter uma boa edição em espanhol de Don Quijote de la Mancha de Miguel de Cervantes.

  Para este desafio eu indico:

 Fran Borges

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Informações sobre o sorteio do livro Anjo mecânico - Cassandra Clare

Oi gente, Só queria deixar claro que o sorteio do livro vai ser feito pelo Random, e a ordem para o sorteio será dos comentários no video do sorteio no Youtube. Então se quer participar, passe no canal do blog no youtube e comente o video do sorteio, ok? Qualquer dúvida, entrem em contato. Boa sorte a todos e beijos. :D

sábado, 8 de junho de 2013

Sorteio do livro - Anjo Mecanico

   Regras para o sorteio:

Oi gente!
Quem se interessar pelo sorteio deve:
O sorteio será feito no dia 07/07/ 2013.
O sorteado deve entrar em contato em no máximo 3 dias.
O prazo para a entrega do livro é de um mês a contar do dia em que o sorteado me enviar os dados.


Qualquer dúvida, mande mensagem no facebook, ou deixe um comentário aqui no blog.

Tchau!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Los Viajes de Clovis Dardentor – Júlio Verne



Um pouco sobre Júlio Verne – em francês Jules Verne – (1828-1905)

            Escritor francês é considerado por críticos literários o precursor do gênero de ficção científica, tendo feito predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.
Até hoje Júlio Verne é um dos escritores cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.
Obrigada Wikipédia!!!! (Risos)

Sobre Los viajes de Clovis Dardentor – em português Clovis Dardentor.

            Antes de falar qualquer coisa sobre o conteúdo desse livro, gostaria de falar que gastei muito bem as horas destinadas a leitura do mesmo.
            Ganhei meu exemplar do meu noivo que o viu num sebo e, por estar escrito em espanhol, resolveu comprar para mim. Quando me deu eu agradeci e pensei em lê-lo, mas fui deixando pra “amanhã” e lendo outras coisas e ele ficou na minha estante por quase dois anos sem que eu o lesse. Depois que o li, agradeci mais uma vez a meu noivo, pois simplesmente adorei o livro.
Um pouco das personagens.
            Clovis Dardentor: O protagonista da história da história é um bilionário de origem pobre que fez fortuna trabalhando no pesado, em fábrica de mármores, de barris, etc.. E tem o desejo de ter um filho adotivo para ter um herdeiro de sua fortuna. É falante e não tem a compostura que se espera de alguém de sua classe.
            Juan Taconnat e Marcel Lornans: Primos irmãos parisienses que viajam de Sète à Orã com o intuito de se alistarem no 7° Regimento de Caçadores da África e adiam o alistamento para seguirem Dardentor e convertê-lo em um pai adotivo de um dos dois.
            Patrício: Inglês, criado de Dardentor com quem tem uma relação de amor e ódio, já que desaprova os péssimos hábitos e modos do patrão e deixa sua opinião bem clara sobre tais, fazendo com que Dardentor o mande ao diabo muitas vezes. No entanto, um só confia no outro.
           Casal Desirandelle: Pais de Agatocles. Interesseiros que querem garantir o futuro do filho casando-o com Luisa de Elissane. Segundo Patrício, veem em Agatocles uma fênix quando na verdade o rapaz não chega a ser sequer um canário.
            Agatocles Desirandelle: Prometido de Luisa. É descrito como um completo idiota, como alguém que nem ao menos pensa, pelo simples fato de não saber como fazê-lo. Durante a narrativa não há cinco frases ditas por Agatocles já que este só abre a boca pra comer.
            Senhora de Elissane: Mãe de Luisa. Viúva que ficou encarregada de cuidar da herança que o marido deixou para a filha e por ser prática e visionária fez a fortuna da filhar aumentar com o tempo.
            Luisa de Elissane: Jovem doce, bonita e inteligente, destinada a casar com Agatocles Desirandelle desde que se entende por gente, mesmo que o repugne.

Enfim a história:

            A narrativa conta a história de Clovis Dardentor, um homem de 45 anos, de origem humilde, que enriqueceu trabalhando no pesado e que, mesmo sendo bilionário, não tem os modos que se espera de uma pessoa de sua classe, o que desagrada e muito a seu criado Patrício, que por sua vez é bem educado e sabe se portar muito bem como todo “bom inglês”.
            Toda a história se passa em poucos meses quando Clovis Dardentor é convidado por seus amigos, o casal Desirandelle e seu filho Agatocles, para viajar de Sète, uma cidade litorânea da França, até Orã uma cidade no litoral mediterrâneo da Argélia, na África, para ajudar a Agatocles conseguir impressionar a Luisa de Elissane, sua prometida desde a infância.
            A viajem de Sète à Orã é feita de barco, o Argelés, que cruza o mediterrâneo parando em Baleares, um arquipélago na Catalunha (Espanha).
Durante o percurso no Argelés, Dardentor conhece dois primos parisienses que saem de Sète com destino a Orã, com o intuito de se alistarem no 7° Regimento de Caçadores da Àfrica, Juan Taconnat e Marcel Lornans, que são apresentados ao leitor antes mesmo que Dardentor seja. Assim sendo, ficamos conhecendo Juan Taconnat e Marcel Lornans antes do Argelés zarpar de Sète e Dardentor só um capítulo depois, posto que o mesmo se atrasa para a partida, pelo simples fato de ser Dardentor e não fazer nada igual aos demais, e alcança o Argelés saindo da costa de Sète, fazendo o capitão Bugarach parar o Argelés para esperar Dardentor que vem em um barco menor com seu criado Patrício.
            Durante o jantar no Argelés, Clovis Dardentor, conversando com Juan Taconnat e Marcel Lornans, confessa que tem uma grande fortuna, mas morrendo ele, apesar de gozar de uma fortuna invejável, não tem herdeiros, já que não tem filhos, esposa ou parente de espécie alguma. E admite que pretende adotar um filho já maior de idade, para não deixar a fortuna para o governo. Então, Marcel Lornans explica que para adotar um filho maior de idade é preciso que o adotante tenha cuidado de sua educação quando este era menor de idade, o que deixa Dardentor impossibilitado de ser um pai adotivo, já que nunca se encarregou da educação de ninguém. Então, Marcel Lornans lhe explica que existe um artigo no código civil, o artigo 345, que permite a adoção de alguém maior de idade, mesmo que o adotante não tenha se encarregado de sua educação quando menor, desde que o adotado salve ao adotante do fogo, da água, ou de algum ataque.
            Ao explicar o artigo 345 a Dardentor, Marcel Lornans desperta em seu primo Juan Taconnat a ideia de salvar Dardentor de algum perigo durante o trajeto no Argelés e ser ele ou seu primo, Marcel Lornans, o filho adotado pelo bilionário, falante e aventureiro Clovis Dardentor.
            A partir de então, a narrativa segue contando, de forma burlesca, todas as tentativas fracassadas de Juan Taconnat em salvar Dardentor de algum perigo que se apresente.
            Chegando a Orã, alguns acontecimentos incrementam a história, pois é lá que conhecemos a Senhora de Elissane e sua bela filha Luisa de Elissane que encanta a Marcel Lornans e vai se deixando encantar por ele enquanto Agatocles Desirandelle não faz nada para agradar a moça. Como é missão de Dardentor fazer Luisa gostar de Agatocles, ele tem a ideia de sair em caravana visitando boa parte de Argélia, com esperança de que durante a viagem Agatocles se mostre mais prestativo e cuidadoso com Luisa e esta possa lhe ver com outros olhos, coisa que vai se tornando impossível a cada dia já que Luisa repugna, cada vez mais, seu noivo abestalhado.
            Durante todo o percurso o narrador descreve minuciosamente as cidades por onde as personagens passam, com todos seus pontos turísticos, suas fontes de renda, etc., de forma engraçada, assim como descreve as personagens e os acontecimentos da história. Não posso dizer se tal aspecto é característica da escrita de Júlio Verne, pois esse foi o primeiro livro que li do autor, mas, sem dúvida, é algo que prende o leitor. Descrição incrementada com piadas e comentários engraçado é, sem dúvida, algo que prende o leitor e não o deixa se enfadar com a falta de diálogos.
            Assim, em Los viajes de Clovis Dardentor, ou Clovis Dardentor como é o título em português, o leitor encontra uma história engraçada, com personagens fortes e bem diferentes um dos outros.
            É uma história que te faz rir do começo ao final e te deixa com saudade e com vontade de voltar para as primeiras linhas assim que você termina de ler a última.
Maylla Rolim.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Estação das Chuvas - José Eduardo Agualusa

Estação das chuvas, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, reproduz a investigação do narrador, que é um jornalista, sobre a vida da poeta e historiadora angolana Lídia do Carmo Ferreira que desapareceu misteriosamente no recomeço da guerra civil angolana, em 1992.
O livro começa à meia-noite de 11 de novembro de 1975, quando o povo comemora a independência de Angola e Lídia acorda sonhando com o mar, que segundo sua avó Nga Fina, sonhar com o mar é sonhar com a morte.
Neste livro os limites entre ficção e realidade se misturam a tal ponto que o leitor não consegue saber até onde vai a realidade e onde começa a ficção, e virse-versa.
O narrador, que se correspondeu com Lídia do Carmo Ferreira enquanto ambos estavam na prisão, sai em busca de seu paradeiro, fazendo entrevistas com personagens, coletando informações e completando as lacunas com suposições, já que ele mesmo admite: “É assim, pelo menos, que imagino a cena (eu não estava lá)”.
Na narrativa se apresentam citações de jornais, depoimentos, entrevistas, etc., o que só ajuda a confundir o leitor sobre o que é ficção ou realidade. Narra-se os fatos desde antes da independência de Angola, em 1975, até o desaparecimento de Lídia do Carmo Ferreira em 1992. Mostrando o engajamento político da poeta, assim como diversos escritores de Angola que fundaram o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).
A escrita é fácil, porém apresenta várias siglas de diferentes partidos e organizações, deixando a leitura mais lenta. Também apresenta vários personagens e situações que muito nos lembra o realismo maravilhoso e que me fez lembrar as histórias contadas por minha avó e bisavó.
“Lídia pensou nas estórias de assombrações e cazumbis que a velha Fina costumava contar. Uma, especialmente, a trazia em sobressalto: a das feiticeiras cujas línguas se soltam dos corpos, iam de rastos pela noite, entravam nas casas e atacavam as crianças adormecidas, estrangulando-as. A velha Fina contava que há muitos anos uma sua amiga, ainda moça, acordara de noite, vira ao pé da cama uma destas línguas e a matara a golpes de machete. No dia seguinte, descobrira que sua mãe estava muda.”(p. 47)
Assim, em Estação das Chuvas temos a história de Angola narrada ao lado de histórias fantásticas, de forma que prende o leitor da primeira a última página.

"Estação das chuvas", José Eduardo Agualusa, Rio de Janeiro: editora Língua Geral (coleção Ponta de lança), 2a. edição, revista (2010), brochura 13x18 cm, 344 págs. ISBN: 978-85-60160-68-6 [edição original: edições Dom Quixote (Portugal) 1996]